sexta-feira, 1 de março de 2013

“Transar com amigos” – o novo aplicativo do Facebook


pegava-facilNão sei se você já ouviu falar, mas um grupo de três jovens australianos criou um novo aplicativo para o Facebook que se chama, em inglês, “Bang with Friends”, que em português significa “Transar com Amigos”. Nesse aplicativo, a pessoa escolhe, dentre os amigos já listados no Facebook, com quais ela gostaria de ter uma experiência sexual e se uma pessoa que foi selecionada também escolher a pessoa que a selecionou, os dois recebem um email do aplicativo com a frase “É hora de transar!”, convidando-os, então, a marcarem um encontro a fim de se relacionarem sexualmente.
A ideia dos criadores é que as pessoas não “percam tempo” com conversas para se conhecerem melhor ou para demonstrarem, aos poucos, que gostam da outra pessoa e tentarem perceber se há reciprocidade no sentimento. A ideia é que o assunto seja tratado de forma direta, e que já decidam, de cara, se querem se relacionar sexualmente ou não. A pergunta é: por que as pessoas estão procurando por relacionamentos mais fáceis e mais superficiais?
Respondendo a pergunta, hoje em dia as pessoas estão caminhando para uma constante diminuição do limiar de frustração. Ou seja, as pessoas não querem mais correr risco nenhum de se frustrarem. E esse medo de frustração as leva a procurarem relacionamentos superficiais porque, para elas, é melhor ser superficial e ter um mínimo de prazer do que se envolverem emocionalmente e correrem o risco de não serem correspondidas e terem que, então, lidar com algum sofrimento. No entanto, o sofrimento não tem somente seu lado ruim: ele promove crescimento. E, além disso, se a pessoa não se permite envolver afetivamente com alguém, é impossível desenvolver uma intimidade real com alguém. A intimidade real não é a sexual. A sexual é apenas uma maneira de expressão de um sentimento. Mas, há muito mais coisas envolvidas em uma intimidade real em um relacionamento que é a troca de ideias, a cumplicidade, a fidelidade, o carinho não sexual pela outra pessoa, a amizade, enfim: quando o sexo é prioritário ao conhecimento e desenvolvimento intelectual e afetivo entre duas pessoas, dificilmente o relacionamento se sustenta e dura porque não é o sexo que segura um relacionamento.
Também é importante pensar que o que se põe nas redes sociais é só o melhor de tudo o que temos: as fotos publicadas são das melhores partes do corpo, dos melhores momentos das férias, do melhor ângulo do rosto, e assim, quando usamos os elementos publicados para decidirmos se queremos um relacionamento com alguém ou não, a análise da escolha fica comprometida porque geralmente avaliamos tudo aquilo que é publicado, o que nos dá uma sensação de estarmos falando ou conhecendo alguém que tem tudo a ver com a gente, mas dificilmente, sem um conhecimento real, pessoal e duradouro, conhecemos também aquilo que não é tão legal, tão interessante ou tão bonito assim na outra pessoa.
Será que realmente vale à pena evitarmos relacionamentos mais profundos que podem, sim, necessitar de abnegação e desenvolvimento da maturidade emocional, mas que sejam mais significativos? Depois de uma relação sexual casual, o que fica? O orgulho por ter sido considerado atraente por alguém? E isso sustenta a nossa necessidade de afeto, de pertencimento e o valor de quem somos inteiramente (com todas as nossas características, e não somente o rostinho bonitinho, o corpo malhado, ou a atitude sedutora)?
O prazer que preenche o vazio tem a ver com desenvolvimento de cumplicidade e de amadurecimento emocional, e não com o sexo em si.

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