sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Vista-se!


Você está nu. Feio. Horrível. Inconveniente. Alguém se aproxima. Você ouve os seus passos. Talvez seja o fotógrafo. Ou o cinegrafista. Não há como fugir. Não há como esconder-se. Não há como cobrir a nudez. Você grita. Você se desespera. Você chora.
Não é o fotógrafo. Nem o cinegrafista. Antes fosse o fotógrafo. Ou o cinegrafista. A vergonha seria menor. Quem se aproxima é o próprio Deus. E você está completamente nu. Terrivelmente nu. Implacavelmente nu.
Pronto. Não há mais o que fazer. Não dá mais tempo. Está tudo perdido. Ele viu você. Ele viu a tanguinha de folhas de figueira que você amarrou por volta da cintura. Ela não cobriu coisa alguma. Você continua nu. Feio. Horrível. Inconveniente. Deus vê tudo. E ainda pergunta: “Quem te fez saber que estavas nu? Comeste da árvore de que te ordenei que não comesses?” (Gênesis 3:11). Ele sabe de tudo. Ele descobriu tudo. Você está perdido. Desta vez não tem jeito. A nudeza é total. Atinge a própria alma.
Hein? O que está acontecendo? Não é que o próprio Deus se compadece de sua amarga situação e faz para você vestimenta de peles? Ele mesmo o veste. Agora, não há mais nudeza. Você não está mais nu, nem feio, nem horrível, nem inconveniente.
É a graça de Deus manifestando-se pela primeira vez. É o começo da salvação. Neste instante você agradece porque não era o fotógrafo nem o cinegrafista que se aproximavam. Eles teriam levado avante a sua nudeza. Teriam publicado as fotos. Teriam se enriquecido às custas de sua vergonha pessoal e intransferível. Pela primeira vez na vida você se sente grato a alguém e exclama: Graças a Deus! Com toda a razão.

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